domingo, 22 de abril de 2012

Ora et Labora Solve et Coagula





Ora et Labora
Solve et Coagula



AD ROSAM PER CRUCEM.'.AD CRUCEM PER ROSAM




por um Probacionista


  
I
Simbolismo do Corpo e da Cruz

A antiga injunção mística "Ad Rosam Per Crucem.'.Ad Crucem Per Rosam.'. e cujo leit-motiv se sintetiza no tradicional axioma alquímico- metafísico "Ora et Labora.'.Solve et Coagula" indica que  ora mago, ora místico, o  aspirante rosacruciano nele se estriba para empreender a caminhada para dentro do seu silêncio interior, através da qual ingressará na Vacuidade em que a  Rosa Mística do Cristo Cósmico se acha resguardada, emitindo sua Luz e difundindo seu perfume esotérico.

Segundo o axioma hermético, como é acima, assim é abaixo”. Esta analogia entre o macrocosmos e o microcosmos é uma das chaves através da qual é possível desvendar os segredos da Bíblia e das demais Escrituras Sagradas de todos os povos. Todavia devemos advertir que estas condições são relativas e as características comparativamente estáticas do plano material são apenas um pálido reflexo da condições  dinâmicas dos planos  supra físicos ou internos.

As  relações  entre  o  corpo  humano  e  o  Cosmos  estão  presentes  nos  Mistérios Sagrados de todos os povos. Tais relações foram elaboradas pelos antigos sábios na forma de grandes dramas que reproduziam as funções do corpo humano, os atributos mentais, as qualidades anímicas e a marcha do Sol no firmamento.

Todas as antigas religiões estavam fundamentadas no culto à natureza, o qual em forma derivada, sobreviveu até os nossos dias como um culto fálico.

A adoração das partes e funções do corpo humano começou no último período da chamada época Lemúrica. Nesta época o homem era representado pela letra T (Tau) ; pois a maior parte da humanidade só possuía os corpos denso, etérico e de desejos. Somente os precursores, que foram iniciados pelos Senhores de Mercúrio, teriam desenvolvido a mente nesta época, vindo a ser os Irmãos Maiores da Humanidade.



Sob o ponto de vista meramente histórico, sabemos que Ordens místicas e religiosas floresceram entre todos os povos antigos, e muitas destas tradições e ensinamentos foram revividos na Europa durante a chamada Idade Média.

Embora os estudos históricos, rigorosamente falando, o registram o uso do nome Rosacruz antes do Século XVII, época em que o publicados os primeiros manifestos, sob o ponto de vista místico a emergência do rosacrucianismo se perde na noite dos tempos.

As Escolas de Mistérios o constituídas por doze Irmãos em torno de um décimo- terceiro, chamado o Libertador. Este é o protótipo dos Doze Discípulos em torno de Cristo. O Irmão décimo - terceiro representa a Consciência Crística ou Cristão Rosa Cruz.

O chamado culto ao Sol remonta à Época Atlante, e também incorporava inúmeros símbolos e rituais do culto da Época anterior. É interessante notar que esse culto vem sendo transposto, de uma forma ou de outra, às principais religiões.

Os antigos povos costumavam construir seus templos na forma do corpo humano, ocupando o altar principal a mesma posição relativa ao cérebro, localizado no extremo ocidental do templo, enquanto o portal estava voltado para o Oriente, onde nasce o Sol, o doador da luz.

O Templo de Karnak, no Egito; o Tabernáculo no Deserto, dos judeus; as estruturas religiosas dos sacerdotes havaianos e também a Catedral de o Pedro, em Roma estão dispostas em forma de cruz.

Os sacerdotes da antiguidade conheciam as relações entre o macrocosmos e o microcosmos e sabiam que conhecer o homem era conhecer o Universo. Cada estrela no firmamento,  cada elemento  na Terra e cada função na natureza, estava representada no corpo humano.

Tal relação entre a natureza e a anatomia oculta do homem (oculta para as massas), constituía os ensinamentos secretos do Antigo Sacerdócio, que controlava a população.

O simbolismo anatômico desenvolvido para perpetuar tal conhecimento chegou à cristandade moderna, que todavia perdeu a sua chave.

A cruz cristã provém do Egito e da Índia; a tríplice mitra deriva do culto de Mitra; o cajado  provém  dos  mistérios  herméticos  egípcios  e  eleusianos  gregos;  a  imaculada concepção, da Índia; a transfiguração , da Pérsia; e a trindade dos  brâmanes. A Virgem Maria, como a e de Deus, está presente em cerca de doze doutrinas diferentes. Mais de vinte salvadores do mundo foram crucificados. O campanário da Igreja descende das pirâmides e dos obeliscos egípcios, e o próprio diabo dos cristãos lembra- nos o Tifón dos egípcios, com algumas alterações.

Manly P. Hall, que dedicou toda a sua vida ao estudo de Filosofia e das Religiões
Comparadas,  chegou  a  afirmar:  "Quanto  mais  nos  aprofundamos  nos  ensinamentos secretos de todas as épocas, percebemos que, realmente , o há nada novo abaixo do Sol."

Esta chave secreta, que permite decifrar os mistérios dos símbolos antigos e as relações entre o macro e o microcosmos é o cerne dos ensinamentos esotéricos, sendo o Rosacrucianismo o herdeiro desta tradição milenar no Mundo Ocidental.

II
O Raio Cósmico de Cristo

Segundo a Ciência Oculta, toda Escritura Sagrada está selada com sete selos ; ou seja, seu pleno significado requer sete interpretações completas.

É importante  compreender  que uma Escritura  o é necessariamente  redutível  à História.  Seu  significado  literal  é apenas  a ponta  do iceberg.  Se nos  detivermos  neste aspecto avançaremos muito pouco na compreensão das Escrituras. Um notável exemplo de "Escritura Leiga" são os dramas atribuídos à Shakespeare, onde o autor reúne caracteres de indivíduos de diferentes séculos. O mesmo ocorre com a Bíblia e as Escrituras Sagradas de todos  os  povos.  Para  o  pensador  profundo  a  História  é  o  que  me nos  importa  na interpretação de uma Escritura.

Sob o ponto de vista astronômico, Cristo representa o Sol, e seus discípulos os doze signos do zodíaco. As cenas de seu ministério o descritas entre as constelações. O relato de seu nascimento, crescimento, plenitude e morte pelos homens se reporta a precessão dos equinócios.

Sob o ponto de vista alquímico, a tempestade no mar e a fúria dos elementos, nos revelam a vida do Mestre sob um novo ângulo.

A descrição da vida de Cristo, segundo os Evangelhos,  coincide com as vidas de cerca de doze salvadores da Humanidade, porque eles também personificam mitos astronômicos e fisiológicos.

A emergência de tais mitos se perde na noite dos tempos, procede da mais remota antiguidade,  quando  os  nossos  ancestrais  utilizavam  o corpo  humano  como  a unidade simbólica, e os deuses e demônios eram personificados nos órgãos e funções corporais. Alguns escritores cabalistas representavam a Terra Santa delineada sobre a base do corpo humano, e exibindo as diversas cidades co mo centros de consciência do homem.

Tal relação entre o Cosmos e o corpo humano constitui o fundamento dos Antigos Mistérios, preservados ao longo dos tempos pela tradição Rosacruz.

A Ordem Rosacruz é o antiga quanto o homem em sua aquisição de inteligência, em sua manifestação como ser pensante. Ordem Rosacruz deriva das Escolas de Mistérios da Antiga Lemúria, uma Idade de Ouro, quando os "deuses caminhavam sobre a Terra". Neste  período  os  precursores  da  Humanidade,  que  haviam  desenvolvido  o  elo  mental, foram   iniciados   pelos   Senhores   de   Mercúrio,   tornando-se   os   Irmãos   Maiores   da Humanidade e substituíram tal Hierarquia na condução dos Mistérios Menores nos períodos posteriores.

Desde que recebemos o elo mental manifestou-se a Filosofia da profunda Ordem Rosacruz para que os que se capacitavam a penetrar nos Templos. É fácil compreender-se que sendo o poucos os que podiam receber o altos conhecimentos estes se mantivessem reservados para poderem ser lançados mais tarde, de acordo com os processos evolutivos da Humanidade.

De longínquos tempos galgamos degraus, desde o aperfeiçoamento  da cadeia de veículos,  e os que  guardam  o conhecimento  da evolução  humana,  do processo  que  se modifica dia-a-dia, vieram dar à Humanidade os passos de conhecimentos  mais altos e amplos para que cada um pudesse reger sua própria vida. Se bem analisarmos veremos que a onda de vida humana que atualmente evolui na face da Terra ainda divisa os primórdios da regência de sua vida, dando os primeiros passos para chegar a tal conquista.

A Ordem Rosacruz, guardiã dos desígnios dos destinos humanos e do mundo, conhecedora  dos  passos  que  seguimos  tem  trabalhado  ao  longo  de  várias  Eras  pela expansão de consciência e desenvolvimento anímico da Humanidade.

No passado, a Ordem preparou o trabalho que se desenvolveria nas eras vindouras treinando aqueles que haviam compreendido que a Terra é um grande laboratório de desenvolvimento anímico e o um fim em si mesmo. Tais seres prepararam o advento do Cristo Cósmico.

A Eterna e Invisível Ordem Rosacruz é uma estrutura espiritual, e seu campo de possibilidades transcende a compreensão a compreensão do homem comum. Todavia ao se manifestar  no  plano  físico  sua  esfera  de  atuação  é  demarcada  segundo  determinados objetivos. A missão da Ordem o é perpetuar as formas de suas manifestações temporais, mas  conduzir  à  Catedral  da  Alma  ou  Santuário  Interno,  que  transcende  as  suas manifestações temporais.

Coube a Ordem Rosacruz a preparação do advento do Cristo Cósmico. No Egito surgiu Akhenaton, o Arauto do Cristo Cósmico, que veio restaurar a cadeia de transmissão dos Ensinamentos Secretos de Todas as Eras.

Entre os Essênios o Mestre Jesus preparou os veículos que serviriam ao Cristo Cósmico, a Encarnação do Verbo, o Supremo Mestre dos Mistérios Maiores ou O Grande Libertador.

Cristo  salvou  o  mundo  e  proporcionou-nos  os  meios  com  uma  cadeia  de  doze veículos, desde o corpo humano ao divino para que a Terra pudesse resistir ao impulsos do materialismo.  Nosso mundo foi penetrado por Cristo Jesus. O Raio Cósmico de Cristo penetrou a consciência do homem-santo Jesus. Assim o divino amalgamou o puro e formou uma alquimia pela qual o mundo entrou no equilíbrio necessário.



Durante  o  ministério  de  Cristo,  Hiram  Abiff,  Iniciado  dos  Mistérios  Antigos, reaparece como um dos caracteres bíblicos, recebendo a Suprema Iniciação Cósmica atingindo  a consciência  crística e tornando-se C.R.C. Tal iniciação está alegoricamente representada pela Ressurreição de Lázaro.

Posteriormente  reaparece no Século XIV inaugurando um novo ciclo na História Oculta da Humanidade. Nesta época reúne doze Adeptos de nossa própria onda de vida, capazes de substituírem outras Hierarquias no trabalho das Escolas de Mistérios inaugurado pelos Senhores  de Mercúrio.  Por isso é considerado o Fundador da Ordem Rosacruz , embora o seu protótipo já existisse desde os tempos pré-cristãos.

Sua  manifestação  como  C.R.C.  é  narrada  na  alegórica  história  do  Pai  C.R.C., descrita na Fama Fraternitatis, o primeiro manifesto Rosacruz, atribuído a Johan Valentin Andréas e publicado em Kassel, Alemanha , em 1614.

Convém mais uma vez sinalizar que tal obra assim como os dramas atribuídos a William Shakespeare e as Escrituras Sagradas o pertencem propriamente ao registro da História, mas sim ao registro da Escritura. Isto não significa que os personagens descritos nas Escrituras ou que o Fundador de Nossa Venerável Ordem o tenham existido ou se manifestado em forma física.




III
O Nome da Rosacruz

O nome Rosacruz tem sido também objeto de controvérsias. Alguns advogam que a palavra Rosacruz provém do símbolo da rosa e da cruz enquanto outros sustentam que tal simbolismo seria apenas um símbolo velado para um significado mais profundo da Ordem.

Godfrey Higgins acreditava que a palavra Rosacruz  o derivava da flor, mas sim da palavra Ros, que significa orvalho. Também é interessante  notar que a palavra Ras significa sabedoria , enquanto a palavra Rus é traduzida como dissimulação. Não dúvida que  todos  estes  significados  contribuíram  para  o  simbolismo  Rosacruz.  A.E.  Waite concorda com Goddfrey Higgins que o processo de formação da Pedra Filosofal com a ajuda do orvalho está relacionado ao significado da palavra Rosacruz. Manly P. Hall acrescenta que é possível que o orvalho se refira a uma misteriosa substancia dentro do cérebro  humano,  intimamente  relacionada  com  a  descrição  dada  pelos  alquimistas  do orvalho que, caindo do céu, redimia a terra. A cruz é o símbolo do corpo humano, e os dois símbolos juntos a rosa e a cruz significam que a alma do homem é crucificada sobre o corpo, onde é presa por três pregos. Isso tem significado alquímico secreto, pois a Ordem Rosacruz tem função alquímica de fundamental  importância para a evolução dos seres pensamentes  animados,  individualmente  e  nesse  processo  como  um  todo.  Falemos, portanto, algo sobre a Alquimia, essa antiqüíssima ciência mística.



O significado etimológico do termo árabe al-kimiya, provém do egípcio kême, que significa terra negra, e muitos historiadores tentaram descobrir neste termo o significado da o  procurada   matéria-prima   dos  alquimistas.   Da  mesma  forma  tentaram   encontrar analogias  com  a derivação  da  raiz  grega  chymia,  que  significa  fundir  ou  derreter.  A Alquimia também foi considerada como una espécie de proto-ciência anterior à Química e à Física.

A Alquimia transcende o somatório de todas as interpretações que sobre ela se dão. Seu esplendor  remonta  a época Atlante  , passando  dali antes do dilúvio  mitológico,  a formar parte do conhecimento secreto de monges, eruditos e escribas de diversas partes do planeta.  As  primeiras  referencias  escritas  devidamente  documentadas  nos  conduzem  a China. Segundo Mircea Eliade,  a Alquimia chinesa originalmente foi de caráter más espiritual que operativo. Os místicos chineses a través de sua prática, buscavam alcançar a iluminação  e a imortalidade.  Neste  período  o ouro  o  tinha  realmente  um valor econômico, na China e a alquimia estava voltada à sacralidade”.

Do Egito procede a Doutrina Hermética sintetizada na Tábua de Esmeralda, cujas linhas se converteram em axioma e fundamento de toda a herança esotérica do Oriente e do Ocidente .

É verdade, sem mentira, certo e muito verdadeiro.

O que está abaixo é como o que está acima, e o que está acima, é como o que está abaixo, para realizar o milagre de uma coisa.

E como todas as coisas vieram e vem do Uno, por mediação do Uno, assim todas as coisas nasceram desta coisa única por adaptação...

Este texto e outros tratados que circularam sob o título de "Corpus Hermeticum" corporificaram entre os séculos II a.C. e IV d.C., uma série de idéias e ensinamentos com um princípio  comum,  que  identificava  o Bem  com  o Conhecimento,  convertendo  em matéria  religiosa  a  busca  do  supremo  e  verdadeiro  Saber  que  desvela  os  segredos  do Universo.

O "Mutus Liber", célebre texto medieval, proclama o modus operandi do alquimista
: "ora, , relê, trabalha e encontrarás".

O monge beneditino Basilio Valentín, nos diz em seu tratado "As Doze Chaves da Filosofia" que  "...a pedra dos antigos, proveniente do céu, para a saúde e consolo dos homens neste vale de lágrimas, é como o tesouro terrestre s precioso e , a meu parecer, também o mais legítimo.".

O primeiro trabalho do alquimista rosacruciano consiste em encontrar a Matéria Prima, formada de uma ou mais matérias, as quais como todo ser vivo, estão compostas por três princípios denominados simbolicamente Enxofre, Mercúrio e Sal. O trabalho físico do alquimista se fundamenta no Solve et Coagula, ou seja, Separe e Una, porque através da Grande Obra, o hábil operador separa suas matérias em seus princípios essenciais para purificá- las e uní- las novamente dentro de seu ovo filosófico (vasos químicos) em um ciclo de continua purificação e aperfeiçoamento com a ajuda de seu Atanor (Forno Alquímico).

Através deste processo de aperfeiçoamento passa por diferentes fases identificadas simbolicamente  com  os  seguintes  nomes  :  Trabalhos  de  Hércules,  Mercúrio,  Saturno, Júpiter, Lua, Vênus, Marte e Sol . Durante esta grande cocção e a medida que a matéria se transforma  e  purifica,  se cumprem  duas  etapas  particularmente  importantes,  aquela  do Diamante  (Pedra  Branca)  e  finalmente  a  do  Rubi  (Pedra  Roja)  da  qual  sairá  a  Pedra Filosofal.

O alquimista rosacruciano é um hábil assistente da natureza pela Graça de Deus. Seu Laboratório, o lugar onde labora e ora, é um lugar de suma importância e de caráter eminentemente místico. Através dos processos de dissolução, putrefação, destilação, sublimação, conjunção , fixação e lapidificação, reproduzem os ciclos e procedimentos da Natureza.

O Laboratório tem três dimensões: O Universo, propriamente dito, o seu Corpo e o seu Sanctum, onde se recolhe e realiza seus experimentos expandindo a sua consciência.

A Pedra Filosofal é elaborada no corpo físico do homem, o laboratório do Espírito que contém todos os elementos necessários para produzir este elixir da vida. É o próprio alquimista que se torna a Pedra Filosofal. O sal, o enxofre e o mercúrio, emblematicamente contidos nos três segmentos da coluna vertebral que controla os nervos simpáticos, motor e sensorial,  o  governados  pelo  Fogo  Espiritual  Espinhal  de  Netuno,  constituindo  os elementos essenciais no processo alquímico.

Seguindo a antigas fórmulas herméticas os alquimistas da Idade Média buscavam atingir as três metas desta magna ciência que eram: o elixir da vida, a pedra filosofal e a transmutação dos metais. O elixir da vida era uma misteriosa essência capaz de curar todas as enfermidades e conferir a imortalidade. A pedra filosofal era o misterioso rubi-diamante ou o sangue-diamante, a pedra do homem sábio, que conferiria conhecimento e regência sobre todas as forças da natureza. A transmutação dos metais era o segredo da regeneração , a transmutação de todos os valores corruptos da vida.

É claro, que a alquimia era uma química divina, o segredo do aperfeiçoamento da vida através das disciplinas de sabedoria.

A pedra filosofal simboliza a vida interna purificada do indivíduo, sua própria alma diamantina. Aquele que aperfeiçoa sua própria alma adquire a Pedra Filosofal. A luminosa aura anímica do ser humano iluminado é o diamante simbólico. Aquele que o adquire alcança a sabedoria divina.

O laboratório é a vida , a retorta alquímica é o corpo do próprio alquimista, e o misterioso  processo  que acontece  neste forno representa a transmutação  dos elementos básicos da vida, mediante a vivencia da divina arte.

  
O forno dos alquimistas era o corpo humano. O fogo que ardia nele, estava na base da espinha dorsal, pela qual ascendiam os "vapores" para reunir-se lo go e serem destilados no cérebro. Este foi um sistema secreto levado a Europa do longínquo Oriente, onde se cultivou durante séculos a mais elevada forma de religião.

Manly  P.  Hall  chama  estas  verdades  ocultas  de  princípios  da  espiritualidade operativa para distinguí- las da moderna religião que está formada inteiramente de teorias especulativas.

Reportando-se a suas próprias palavras, “As pessoas o imaginam que a religião é fisiológica, nem acreditam que sua salvação depende inteiramente do uso científico dos elementos e forças internas de seus próprios corpos ; porém a despeito de tudo isso, pode ser dito o contrário; tal é o caso.”

O que se segue foi escrito por Max Heindel, em carta aos probacionistas e posteriormente publicado em Iniciação Anrtiga e Moderna.

“Segundo os Evangelhos, Pilatos colocou um letreiro na cruz de Cristo com as palavras: "Iesus Nazarenus Rex Judaeorum" e isto é traduzido normalmente como "Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus". Mas, a iniciais INRI colocadas sobre a cruz representam os nomes em hebraico de quatro elementos: Iam, água; Nour, fogo; Ruach, espírito ou ar vital; e Labe Shah, terra. Esta é a chave oculta do mistério da crucificação, pois ela simboliza, em primeiro  lugar,  o  sal,  enxofre,  mercúrio  e  azoto,  que  foram  utilizados  pelos  antigos alquimistas para fazer a Pedra Filosofal, o solvente universal, o elixir vitae. Os dois "is" (Iam e labeshah), representam a água salina lunar: a  - em um estado fluídico que contém sal em solução; b - o extrato coagulado desta água: o "sal da terra"; em outras palavras, os sutis veículos fluídicos do homem e seu corpo denso. N (nour) representa o fogo em hebraico, e os elementos combustíveis, entre os principais o enxofre e o fósforo, o muito necessários à oxidação, sem os quais o sangue quente seria  impossível. O Ego, sem esta condição de calor no sangue o poderia funcionar no corpo, nem conseguiria uma forma de expressão material. R (Ruach) é o equivalente a espírito em hebraico, isto é, o Azoth dos alquimistas, que funciona na mente mercurial. Assim, as quatro letras INRI, colocadas sobre a cruz de Cristo, de acordo com o relato dos Evangelhos representam o homem composto, ó Pensador, no momento de seu desenvolvimento espiritual, quando começa a se libertar da cruz de seu veículo denso. Ampliando mais a elucidação deste ponto, notamos que INRI é o símbolo do candidato crucificado pelas razões seguintes: Iam, a palavra hebraica para água, o fluido ou elemento lunar, que constitua a maior parte do corpo humano  (cerca  de 87%  ). Esta  palavra  é também  o  símbolo  dos mais sutis veículos fluídicos do desejo e da emoção. Nour, a palavra hebraica para fogo, é a representação simbólica do calor produtor do sangue vermelho, que está carregado de ferro, fogo e energia do marcial Marte, e esse sangue é visto pelo  ocultista como um gás circulando pelas veias e artérias do corpo humano infundindo -lhe energia e ambição, sem as quais não haveria progresso espiritual nem material. Também representa o enxofre e fósforo necessários  para  a  manifestação  material  do  pensamento,  como   foi  anteriormente mencionado. Ruach, a palavra hebraica para indicar o es pírito ou ar vital, é um símbolo excelente  do  Ego  envolvido  pela  :ente  mercurial,  que  torna  o  ser  humano  homem, capacitando-o a controlar e dirigir seus veículos corporais e suas atividades de uma forma racional. Iabeshah, a palavra hebraica para terra, representando a parte sólida, a carne do homem, e forma o corpo terrestre cruciforme, cristalizado dentro dos veículos mais sutis  ao  nascer  e  separado  deles  ao  morrer  no  curso normal  das coisas,  ou em um acontecimento extraordinário pelo qual aprendemos a morrer misticamente e ascender às gloriosas esferas superiores por uns tempos. Este estágio do desenvolvimento espiritual do Cristão  Místico  requer  uma  reversão  da  força  criadora  de seu curso  normal,  donde normalmente desperdiça energia para satisfazer suas paixões, uma corrente dirigida para baixo   através   do   tríplice   cordão   espinhal,   cujos   três   segmentos   são   regidos, respectivamente, pela Lua, Marte e Mercúrio, e donde os raios de Netuno acendem o Fogo Regenerador Espiritual da Espinha Dorsal. Esta consciente elevação coloca em vibração o corpo pituitário e a glândula pineal, abrindo a visão espiritual. Isto golpeia o sinus frontal, o que dá início aos efeitos da coroa de espinhos; o latejar da dor à medida que a ligação com o corpo físico é consumida pelo sagrado Fogo Espiritual, que desperta este centro de sua  milenar  letargia,  começando  a  vibrar  em  direção  a  outros  centros  na  estrela estigmatizada de cinco pontas. Elas tam m o vitalizadas e todos os veículos iluminam - se com o "Dourado Manto Nupcial". Então, num arranco final, o grande vórtice do corpo de desejos localizado no fígado fica livre, e a energia marciana contida nesse veículo impulsiona para cima o veículo sideral (assim chamado devido aos estigmas da cabeça, mãos e s que estão situados na mesma posição dos da estrela de cinco pontas), o qual ascende  através  da  caveira  (Gólgota)  enquanto  o  Cristão  crucificado  lança  o  grito triunfante:  "Consummatum  est"  (está  consumado),  e  começa  a  elevar-se  às  sublimes esferas siderais ao encontro de Jesus, cuja vida ele imitou com pleno êxito e de quem, desde então, é companheiro inseparável. Jesus é seu Mestre e seu guia para o Reino de Cristo, onde todos estaremos unidos para aprender e praticar a Religião do Pai, onde a Unidade fundamental de cada um com todos será vivenciada e reconhecida.”
-Max Heindel ( in Iniciação Antiga e Moderna)

O Caminho Rosacruz é um caminho de Alquimia Espiritual, onde se transmuta a natureza inferior em superior, onde se tece a alma. O conhecimento que é compartilhado pela Escola Rosacruz o é um fim em si mesmo, mas um meio do discípulo qualificar-se a servir amorosa e desinteressadamente a Obra da Criação. A expansão de consciência que vivencia em seus experimentos e iniciações o deve configurar em mais uma distinção de sua personalidade, mas instrumentada para o seu trabalho no mundo.



Que a Paz irradiada pela  Luz do Cristo Cósmico esteja convosco e que as Rosas floresçam sobre a vossa Cruz.

Fraternalmente e com amizade,     Alexandre David



Bibliografia:

Obras consultadas e recomendadas.

ANDREAS, Johan Valentin Fama Fraternitatis.

HALL, Manly Palmer  - Lectures on Ancient Philosophy; Self-Unfoldmentby Disciplines of Realization; Man , Grand Symbol of the Mysteries; Mystical Christ; Orders of the Great Work Alchemy; The Secret Teachings of All Ages.

HEINDEL,  Max [ Carl Louis Frederik  Von Grasshoff  ]  Iniciação antiga e moderna; Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Maçonaria e Catolicismo; Mistérios Rosacruzes; Cristianismo Rosacruz; Conceito Rosacruz do Cosmo.

HELLINE, Corine New Age Bible Interpretation. MACEDO, António de Esoterismo da Bíblia.

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